terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Mário Bruno Pastor

O CAMINHO PARA WEIMAR
por Mário Bruno Pastor

Tínhamos perdido. Ao fundo, roncando aos solavancos, afastava-se o comboio lento. Estava macerado pela exposição solar de quase quatro anos sem restauro. Dentro dos vagões, amontoados uns sobre os outros, ombros caídos, os últimos camaradas sobreviventes que tinham conseguido embarcar em Sedan fitavam o cais de embarque. Ninguém nos acenava, não havia sorrisos e Eric, a meu lado, ressentido pelo atraso e pela indiferença dos que partiam, dizia-se transparente.

Era inútil esperar por um novo transporte. Aquele tinha sido o último comboio a partir para leste, daqui em diante as fronteiras seriam reentregues às autoridades francesas, e estas iriam fechá-las para sempre. O melhor seria caminhar. Mesmo tendo que percorrer os quase 500 quilómetros que nos separavam de Weimar, ainda havia tempo para chegar a casa antes do Natal.

Este conto continua na edição impressa do número 28 da Revista 365.

Mário Bruno Pastor nasceu no Porto em 1976. Padece de bissextismo e custa-lhe a aceitar que existam calendários para os anos vindouros. A par disso tem publicado poesia em edições literárias colectivas.

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