quarta-feira, 28 de maio de 2008

Luísa Cardita

ENTÃO VOLTASTE
por Luísa Cardita

É.
E então como foi, quero ouvir tudo primeiro.
Como foi... Foi...
Sabes como é. Está calor cá, frio e chuvas lá. Sempre. E vice-versa.
Cheguei e cresci: Couch surfing. All alone pela primeira vez.
A cidade apareceu cinzenta entre as nuvens. Mas isso já sabia. Prevenida. Tudo passou muito rápido. Num instante estava eu, com a mochilona, numa fila para apanhar um autocarro que me levasse até ao centro. Dois americanos, um casal, queriam saber onde se comprava os bilhetes, se era ao condutor ou onde era. Aqueles seguiam o protótipo, não falavam mais nenhuma língua. Lá expliquei que era por ali, naquelas máquinas. Como funcionam? Pronto, eu mostro-vos lá como funciona. Olhei para trás: lá vinha o autocarro, lá ia o autocarro. Mais 50 minutos à espera do próximo. E estava frio. Em Julho. (...)

Este conto continua na edição impressa do número 26 da Revista 365.

Luísa Cardita tem 22 anos e anda por aí a espreitar às janelas. É uma nulidade a dizer mentiras excepto quando escreve. Tem um gato preto, mas isso não quer dizer nada.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Pedro Paixão

MULHERES INSTÁVEIS
por Pedro Paixão

Era a minha última noite na cidade. Combinei encontrar-me às sete e meia com um quase amigo no Nobu, um restaurante na moda. Cheguei à hora exacta. O meu quase amigo estava à porta. Disse: espero que não te importes mas vêm mais algumas pessoas, hás-de gostar de alguma delas. E sorriu. Eu não me importava nada. Sentaram-me num lugar. Havia barulho a mais. Vozes a falar umas sobre as outras de mistura com ruídos metálicos. Estava derreado. Uma semana de excessivo calor e oitenta e cinco por cento de humidade. Um trabalho de que nunca mais via o fim. A mesa era rectangular, comprida. Não conhecia ninguém a não ser o meu quase amigo que ficara à cabeceira. À minha frente uma mulher nitidamente mais velha do que a média dos restantes. Como eu. À minha esquerda uma outra mulher, que não podia olhar na cara, com um vestido lilás, talvez de seda, sem mangas. Para falar tem de se começar a falar. Em geral é pelo mesmo. Há uma urgência em saber o nome e a ocupação porque se tem pavor do indefinido. Como se se ficasse a saber alguma coisa. A senhora sentada à minha frente perguntou: o que faz com as horas e os dias? Disse: sou fotógrafo. Que tipo de fotografias? Disse: pornografia. (...)

Este conto continua na edição impressa do número 26 da Revista 365.

Pedro Paixão nasceu em Lisboa, em 1956. É escritor. O seu livro mais recente chama-se Rosa Vermelha em Quarto Escuro e foi publicado pela Bertrand.


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Queridos futuros colaboradores

Estamos a fazer o número 27 da 365 e, como sempre, estamos abertos, com todo o prazer, ao envio de trabalhos dos nossos leitores. O tema desta vez é Amores de Sofá. No caso de enviarem contos, o tamanho deverá rondar os 4000 caracteres e a data limite, para já, é 8 de Junho. O endereço de serviço é o 365pontocom@gmail.com.Não prometemos publicar todos, como é óbvio, mas faremos a melhor selecção que soubermos. Obrigadinho.

domingo, 11 de maio de 2008

O número 26 acabou de sair!



E pronto, demorou, mas foi: o número de Maio – o 26 – da Revista 365 já está nas bancas. Colaborações de Ângela Berlinde, Augusto Justo, Elisabete Patrícia Andrade, Elmano Madail, Fernando Ribeiro, Inês D’Orey, Jorge Palma, John Almeida, José Garcez, Luísa Cardita, Mário Bruno Pastor, Nelson Cruz, Nuno Gervásio, Nuno Maçarico, Pedro Paixão, Pedro Santo, Pedro Soenen, Ricardo Bonacho, Ricardo Pereira, Rui Lage e Z.