SCENTS OF PROVENCE
por Alexandre Andrade
A bola embateu na outra bola no ponto certo, mas com o efeito errado, ou no ponto errado com o efeito certo. Rachel não pôde evitar um suspiro de frustração. Cada colisão era acompanhada por um som seco e previsível. Os tacos passaram de uma brusca mão derrotada para outra mão. Rachel não conhecia as regras do jogo, mas emitia opiniões com uma cadência quase feroz.
Havia meia hora que entrara naquele bar de Antibes, esforçando se por aparentar a calma principesca de quem já conheceu tudo o que na vida existe que valha a pena conhecer. Interessara se pela partida de bilhar, e agora, com a mão esquerda fechada em torno do copo que continha o resto tépido do seu diabolo grenadine, esforçava se por se integrar no grupo de jogadores, mas mantendo as distâncias; ou então, cultivar um módico de distanciamento sem descurar o apetite pela socialização. Tanto uma como a outra estratégia lhe pareciam boas. Um rapaz muito moreno, dono de um fascinante par de olhos verde azeitona, perguntou a Rachel se queria jogar. Não, Rachel não jogava. O seu reflexo no vidro que dava para a rua mostrou um rosto sufocado pela gratidão.
Este conto continua na edição impressa do número 28 da Revista 365.
Alexandre Andrade nasceu em 1971 em Lisboa, onde reside. É professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Tem 2 romances e 2 livros de contos publicados. É autor deste blogue.
por Alexandre Andrade
A bola embateu na outra bola no ponto certo, mas com o efeito errado, ou no ponto errado com o efeito certo. Rachel não pôde evitar um suspiro de frustração. Cada colisão era acompanhada por um som seco e previsível. Os tacos passaram de uma brusca mão derrotada para outra mão. Rachel não conhecia as regras do jogo, mas emitia opiniões com uma cadência quase feroz.
Havia meia hora que entrara naquele bar de Antibes, esforçando se por aparentar a calma principesca de quem já conheceu tudo o que na vida existe que valha a pena conhecer. Interessara se pela partida de bilhar, e agora, com a mão esquerda fechada em torno do copo que continha o resto tépido do seu diabolo grenadine, esforçava se por se integrar no grupo de jogadores, mas mantendo as distâncias; ou então, cultivar um módico de distanciamento sem descurar o apetite pela socialização. Tanto uma como a outra estratégia lhe pareciam boas. Um rapaz muito moreno, dono de um fascinante par de olhos verde azeitona, perguntou a Rachel se queria jogar. Não, Rachel não jogava. O seu reflexo no vidro que dava para a rua mostrou um rosto sufocado pela gratidão.
Este conto continua na edição impressa do número 28 da Revista 365.
Alexandre Andrade nasceu em 1971 em Lisboa, onde reside. É professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Tem 2 romances e 2 livros de contos publicados. É autor deste blogue.
As Não-Metamorfoses
(Errata, 2004)
Aqui Vem o Sol
(Quasi, 2005)
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