segunda-feira, 9 de março de 2009

Rui Manuel Amaral

HISTÓRIA DO DITO CUJO
por Rui Manuel Amaral

Se eu quisesse, podia contar muitas histórias sobre o dito cujo. Mas basta esta, a primeira que me vem à cabeça. Um belo dia, após uma bela noite de sono, o dito cujo abriu os olhos, levantou-se da cama, dirigiu-se ainda meio ensonado ao quarto de banho, olhou para o espelho e, oh!, fez uma careta terrível! Caramba, a terrível careta que ele fez! E depois disse: “Xanto Deux, o gue agontexeu à minha gara? Parexo o Gregor Xamxa.” O que significa: “Santo Deus, o que aconteceu à minha cara? Pareço o Gregor Samsa”, mas ele pronunciava mal as palavras, por causa daquilo que acontecera à sua cara durante a noite. E é tudo.

Esta é uma das microficções da série Cinco Histórias Nocuturnas, de Rui Manuel Amaral, que publicámos no número 28 da Revista 365.

Rui Manuel Amaral nasceu no Porto, em 1973, cidade onde vive. É coordenador literário da revista aguasfurtadas. É autor de «Caravana», editado pela Angelus Novus. É autor deste blogue.



«Caravana», de Rui Manuel Amaral, no «Ler+, Ler Melhor»


Um trailer, do livro «Caravana»

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